HISTORIA DE FERRAZ DE VASCONCELOS


 

Historia de Ferraz de Vasconcelos

A historia de um bairro pioneiro e o local onde tudo começou, conhecida como Tanquinho; da fazenda Padrão ao progresso com a construção da estação ferroviária.

A história da fundação da cidade da Ferraz de Vasconcelos não é muito diferente de outros municípios brasileiros, que tiveram o seu inicio com habitantes indígenas.

Tropeiros, caçadores, bandeirantes e até o imperador D. Pedro I passavam por Ferraz, que nesta época ainda pertencia a Mogi das Cruzes, a caminho do Rio de janeiro.

O local, mais precisamente o tanquinho, era parada obrigatória por possuir água límpida e fresca, que era usada pelos tropeiros para beber e se banharem.

O nome Tanquinho deve-se ao fato de que na Capela Bom Jesus (construídas por volta de 1880) havia um tanque onde as senhoras que trabalhavam na Fazenda Paredão lavaram roupa, utensílios domésticos, etc.

Nesta época, não se cogitava a existência da Ferraz, pois havia somente uma Fazenda denominada Paredão. As terras pertenciam à igreja e duas ou três veze4s por ano padres vinham ministrar os sacramentos no povoado.

O COMEÇO...

Por volta de 1900, a igreja resolveu vender estas terras, dividindo-a em pequenos lotes.
Atraídas pelas condições favoráveis do clima e da fertilidade do solo, várias famílias começaram a migrar para cá, assim surgiu o primeiro bairro, denominado de Tanquinho. Os registros históricos nos contam que os membros da Família Leite foram os primeiros a fixar residência aqui e também os primeiros fruticultores das futuras terras ferrazenses.
A região prosperou e progrediu muito, o que atraiu as atenções do Dr. Pedro Foschini, de Hermann Teles Ribeiro, e do Prof. Arturo Guarnieri. Estas três personalidades acreditaram no progresso local e fundaram a firma Foschini & Cia. Adquiriram de Adriano Pereira, Julio Fernandes, Francisca Secundino Leite e outros, uma primeira gleba de terras, com área de 330 hectares, que se estendia da margem do Ribeirão Guaió até alcançar a EFCB Estrada de Ferro Central do Brasil (antigo nome da atual CPTM) margeando um percurso de 600 metros. A área era utilizada para a criação de suínos puros e gado leiteiro, que competiam em exposições nacionais, sempre ganhando vários prêmios, entre eles o título de Campeão Absoluto, obtido por um touro da raça holandesa. Com o início da primeira guerra na Europa, os estabelecimentos agropecuários tiveram queda nas suas vendas, obrigando o SI. Narcizo Lugarini a vender sua gleba divisionária que ficava na Fazenda Paredão, uma área de 229 hectares, que dividia a Central do Brasil, num percurso de 2km aproximadamente e com 6000 metros, beirando a gleba anterior. A Foschini & Cia adquiriu esta gleba dando origem assim à S.A. Fazenda Casa Branca, sendo que os proprietários receberam a escritura definitiva em 9 de agosto de 1922. A partir daí, começou-se a manter os primeiros contatos com a diretoria da EFCB para a instalação de uma parada na região, pois seriam vendidos os lotes da Casa Branca, deno­minando-se o loteamento Romanópolis. A luta foi grande, mas valeu a pena, pois em outubro de 1925 começou a ser construída a futura estação ferroviária de Ferraz de Vasconcelos. A planta teve a assinatura do engenheiro Dr. Sebastião Gualberto. Paralelo a este fato, já estavam sendo vendidos os lotes da Vila Romanópolis e as suas ruas já estavam sendo abertas. No ano de 1924, uma subdivisão policial fez com que o Bairro do Meinho passasse para Ferraz de Vasconcelos. Neste mesmo ano também veio para cá a família Andere.
As obras de construção da estação trouxeram grandes avanços para a vila, entre eles a vinda da empresa de trazida pelo Sr. Gothard Kaesemodel Junior, na época grande nome da indústria de lixas. A vinda da popul,ar,mente conhecida Fábrica de Lixas Tatu trouxe para a Vila Romanópolis mais famílias e progresso. O primeiro prédio construído na época ficava na esquina entre as avenidas Brasil e Getúlio Vargas.

Apos o término das obras da estação, começou-se a discussão para definir o nome que deveria ser dado à mesma. A princípio deveria ser Romanópolis, mas decidiram colocar o nome de Ferraz de Vasconcelos, em homenagem póstuma ao engenheiro da companhia ferroviária Central do Brasil, que morreu na região vítima de um estilhaço na revolução de 1924. José Ferraz de Vasconcelos era engenheiro e chefe do 2°. Distrito de Tráfego da Estrada de Ferro Central do Brasil. Ele nasceu em Santa Luzia do Carangola. Filho de uma numerosa família transferiu­-se para o Rio de Janeiro em 1911. Dedicou toda a sua vida à Estrada de Ferro Central do Brasil.
José Ferraz de Vasconcelos era conhecido pela sua competência e humildade, fazendo amizade com todos, desde os engenheiros, até os funcionários com cargos mais subalternos. Em 1924, foi destacado como superintendente da circulação da tropa durante a revolução em São Paulo. Quando terminou a revolução, debilitado e doente, não resistiu e faleceu na Capital paulista, aos 44 anos de idade.
Definido o nome da estação como Ferraz de Vasconcelos, a mesma foi inaugurada em 29 de julho de 1926. A estação passou por sérias dificuldades financeiras, principalmente no ano de 1930, quase fechando. Por este motivo, os comerciantes locais resolveram se reunir, e diariamente juntavam Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros) para que a estação não fechasse.
Muitas lutas surgiram para que Ferraz de Vasconcelos pudesse alcançar a condição de subdistrito de Paz, conseguindo este feito através da Lei 233 de 24 de dezembro de 1948, ficando com sede no povoado do mesmo nome e com terras desmembradas do distrito de Poá, na Comarca de Mogi e pertencendo ainda ao Município de Poá. Este era o começo para Ferraz tornar-se independente.

No ano de 1947, iniciou-se a luta para a emancipação com a fundação Sociedade Amigos de Ferraz de Vasconcelos. Neste mesmo ano uma comissão de 15 pessoas foi formada para representar o então distrito de Ferraz de Vasconcelos junto às autoridades que acompanhavam o processo de emancipação.
A batalha para o processo de emancipação só terminou em 1953, quando no dia 14 de outubro do mesmo ano, um grande número de pessoas dirigiram­se à Assembléia Legislativa, na capital paulista, pressionando a aprovação da Lei n° 2456 que elevava o distrito de Ferraz de Vasconcelos a município, e por 34 votos a favor e 8 contra, a lei foi aprovada e assinada em dezembro do mesmo ano pelo governador Lucas Nogueira Garcez.

Enfim, a emancipação.

Entre o final da década de 40 e início dos anos 50, em virtude do termino da 2ª Guerra Mundial, inicia-se por todos os países um período de profundas transformações.
No Brasil, a redemocratização estava em curso, novas indústrias eram criadas, o comércio se fortalecia e havia emprego fácil. A motivação gerada por essas mudanças contagiava a todos. O que aconteceu no sub­distrito de Ferraz de Vascon­celos, na extensa área leste da capital de São Paulo, representa bem os dias que marcaram aquela época.
Em 1947, com a fundação Sociedade Amigos de Ferraz de Vasconcelos (SAFV), dava-se início a conquista da emancipação. Uma comissão formada por quinze pessoas encabeçada por Afonso Carlos Fernandes, professor João Gurgel Mendes e professor Sother Batalha formavam uma comissão que junto às autoridades estaduais, acompanhavam o processo de emancipação.
Ao lado de Helmuth H. H. Louis Baxmann, apareciam outros nomes que ajudaram na emancipação do município como Benedito Secundino Leite, Felix Mazzucca, Gervásio da Silva, Arthur Hormínio da Costa, João Batista Camilo Neto, Julio FelTeira, Padre Cláudio Jung, Rolando Kaesemodel e José Fares. Como suplentes ficaram Sebastião de Jesus Soares, Milton Ferreira Sabag e Ezelino Temporim.
As reuniões eram realizadas primeiramente no bar "Quiosques", de propriedade do Sr. Jácomo Zanchetta e posteriormente na sede da Sociedade Amigos de Ferraz.Começava aí uma longa luta que só iria terminar seis anos depois, em 1953.
Em 14 de outubro de 1953, foi aprovada a Lei 2456 que elevava Ferraz de Vasconcelos a categoria de município. Helmuth Hermann Hans Louis Baxmann foi eleito o primeiro prefeito de Ferraz na eleição do dia 3 de outubro de 1954, sendo a sua posse no dia 10 de janeiro de 1955, ficando: prefeito ­ Helmuth H. H. Louis Baxmann, vice prefeito - José Antonio Fares, vereadores - Brígida Molinari Gouveia, Carlos de Carvalho, Italo Mazzucca, João Batista Camilo Netto, Hidelbrando da Silveira, Hidelbrando da Fonseca, Henry Kaesemodel, Max Gerlach, Daniel Riente, Diomar Novaes, Fernando Alves de Oliveira e Mário Martinelli.
Como Ferraz era sub­distrito de Poá, foi constituída uma comissão para receber a prestação de contas da Prefeitura Municipal de Poá, composta por: Helmuth H. H. Louis Baxmann, Henry Kaesemodel, Arthur Honnínio da Costa e Milton Ferreira Sabag.
Desta prestação de contas, datada em 26 de janeiro de 1955, a comissão recebeu da Prefeitura: I livro de Caixa Geral, 1 livro de registro de óbitos, 1 livro de dívida ativa, fichas e Cr$ 82.390,90 (oitenta e dois mil, trezentos e noventa cruzeiros e noventa centavos).
A Prefeitura funcionava em um prédio do Sr. Arssem Topolian, localizado na Avenida Brasil, 1108. O expediente era das 7 as 13 horas, e tinha apenas um balcão e algumas mesas e cadeiras.
Já a Câmara Municipal ficava na sede da Sociedade Amigos de Ferraz de Vasconcelos (SAFV).


Enviar para um amigo
Imprimir

Clique nas fotos para ampliar-lar.